A bala do vô (Victor Chaves)
Ele chamava à varanda
Quebrava o silêncio com leveza
Como fazem vento e passarinho
Os olhos entremeados de tensão
Ironizavam, ao passo que envolviam
Era o vô Tunico, rendilhando o ar
Exortava-nos, os netos
A optarmos por uma de suas mãos
Fechadas, cruzadas, trêmulas
Receosos, batíamos numa delas e...
Eis que ele se ria feito tudo que reluz
E aparecia sempre a mesma bala
A que chamávamos de "bala do vô"
Erlan Toffee Bombom
A mesma bala
E nunca, nunca a mesma surpresa
O tempo passou
E enquanto ainda passa
Percebo que vivos
Estão os lembrados, ainda que mortos
E que mortos
Estão os esquecidos, ainda que vivos
O vô permanece vivo
Na continuidade dos seus
Aqueles que se lembram dele antes de agir
E se lembram por lembrar
Na canção, no lugar
No sabor de uma bala
( Agradeço à minha amiga Rosalina Vilela,
o bom de ter conhecido sua fábrica de emoções, Erlan. )
Fonte: @vcoficial no Instagram)
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